Eu estava vivendo minha vida de boa, tranquilo, quando de
repente mordi uma isca, que na verdade não sabia que era uma isca, fui enganado
por uma bela visão nutritiva. Era um anzol que me fisgou, a ponta de um objeto fincou
no canto da minha boca e com uma volta perfurando dolorosamente minha língua.
No anzol havia uma linha que então me puxou com toda
força para fora da água. Com a força do arranque dos braços do pescador, puxava mais ainda o anzol que machucando minha
boca e atravessando minha língua, a dor ficava mais forte, era
insuportável. Na hora que aqueles dedos
do pescador tirava o anzol de mim, ai que doía mais ainda, é uma dor que eu
jamais desejaria para o ser mais maligno dessa terra. Porque na ponta do anzol
existe outro anzol bem pequeno para segurar a fisgada, e na retirada ele sai
perfurando mais ainda minha língua e o resto da boca que já estava bem
machucada.
Como já não bastasse, me jogou no chão, e fiquei debatendo
de muita dor e puxando o oxigênio que não vinha, estava me “afogando fora d’água”.
Debatia com desespero, muito desespero, puxar o oxigênio e ele não vir, é
desesperador, angustiante e horrível, é a pior das sensações quando agente luta
contra a morte. Fui debatendo,
debatendo, a dor me torturava muito, e fui me debatendo até que cheguei a beira
na água novamente e caí. Voltei pra dentro do meu mundo, da minha vida que é a
água, mesmo conseguindo respirar novamente, a dor da minha língua rasgada e o
canto da boca perfurada, achei que iria morrer desse sufoco, pela fadiga, dessa
sensação tão dolorosa. Enfim, depois de muitos dias de sofrimento na água, sem
poder comer normalmente, eu fui me curando sozinho. E aprendi a nunca mais
fisgar um anzol. Quase morri torturado.